sede da Associação Musical Antônio Malato (AMAM), na cidade de Ponta de Pedras, ilha do Marajó-PA, construída no antigo terreno onde existiu o chalé dos herdeiros do capitão Alfredo Nascimento Pereira e sua mulher Antônia Silva, anterior à casa de dona Sophia Tautonila Pereira e seus irmãos Laudelina Diva Pereira e Rodolpho Antônio Pereira em frente ao campo do Marajoense e hoje a catedral da diocese de Ponta de Pedras.
José Varella Pereira
autobiografia
O chalé do capitão Alfredo em Ponta de Pedras
Meu avô Alfredo foi proprietário de três imóveis na ilha do Marajó, dois na vila de Ponta de Pedras e um em Cachoeira (Cachoeira do Arari), este último o chalé do romanceiro de Dalcídio Jurandir. Como se sabe, originalmente através do francês chalet, tratava-se de um tipo de construção de veraneio na Suíça, geralmente em madeira. O chalé evoluiu em Portugal e chegou ao Brasil como morada campestre, até hoje se conservam chalés na ilha do Mosqueiro que pertenceram a famílias abastadas com função de veraneio.
Chalés na ilha do Marajó serviram de residência permanente a proprietários de classe média. Não tenho dados, mas acredito que os dois chalés do meu avô não foram mandados construir por ele, mas adquiridos de terceiros. O de Cachoeira poderia ter sido adquirido em 1910, ano que ele, com sua mulher Margarida Ramos e os filhos do casal Flaviano e Dalcídio José, mudou-se de Ponta de Pedras para assumir cargo de secretário da intendência local, dirigida pelo coronel Bento Lobato de Miranda. Talvez o intendente tenha facilitado para seu secretário a compra do chalé, sito à travessa que mais tarde veio a receber o nome do dito coronel já falecido, no bairro de Petrópolis; mas não tenho como confirmar a suposição. É certo, porém, que a localização do terreno atendia à característica campestre de chalé na parte extrema da vila, entre o campo de criação de gado e o rio a jusante por trás da mata ciliar. Terreno baixo ademais, sujeito a alagação no período de chuvas, como se depreende do romance Chove nos campos de Cachoeira. O fato do chalé de Cachoeira ter sido construído na baixada contribuiu ao afogamento da pequena Mariinha no quintal inundado levando à neurose de dona Margarida acompanhada de episódios de alcoolismo.
Além dos dois filhos de dona Margarida, meu tio Otaviano Celso Pereira, filho do primeiro casamento, passou a morar com o pai em Cachoeira. Segundo a história oral da família, Otaviano escrevia sonetos e vovó Sophia guardava um desses poemas de seu irmão que a memória não me ajuda a recordar agora, mas apenas a primeira estrofe: Mandas que eu espere, esperarei enfim... Otaviano, temperamento romântico, teria ido de Ponta de Pedras com ânimo definitivo para permanecer em Cachoeira, dizendo na despedida "aqui não fico nem amarrado"... Sophia e Lodica ficaram magoadas com a decisão radical de Otaviano em ir embora de casa: por isto, quando ele adoeceu e morreu em Cachoeira - em circunstâncias semelhantes ao personagem Eutanazio no romance dalcidiano - elas murmuraram sobre suposta soberba do irmão ao deixar a terra natal. Talvez Otaviano fosse dos filhos do capitão com a índia da Mangabeira, o de temperamento mais "difícil", ensimesmado... O índio inadaptado à civilização?
Papai adorava passar temporadas em Cachoeira. Não era para menos, ele ainda adolescente e o irmão mais velho do segundo casamento, Flaviano; regulava sua idade um pouco mais e conhecia bem os costumes locais. Só a viagem em canoa coberta de panacarica (tolda de palha) a remos, nunca menos de 12 horas de duração conforme a maré; fora o necessário pernoite no Serrame ou no Araquiçaua; já era uma aventura inesquecível. O que mais atraia o jovem Rodolpho era a paisagem de campos abertos, fazendas e 'malhadas' (manadas) de gado a se perder de vista na distância: casos e casos para contar pelo resto da vida... Com exceção das praias olhando à amplidão da baía do Marajó, a pacata Ponta de Pedras resguarda-se na intimidade do Marajó-Açu com seus igarapés silentes. Dalcídio era cinco anos mais novo, de modo que o líder e cicerone cachoeirense para Rodolpho era Flaviano que o apresentava aos conhecidos. O viúvo Alfredo Pereira e Margarida Ramos formalizaram o casamento na fazenda Mãe Maria seguido de festa com muito frito de vaqueiro, iguaria em carne bovina cozida na própria gordura misturada com farinha de mandioca; chegavam muitos convidados vindos montados em cavalos e bois de sela. Comia-se frito de vaqueiro à vontade pegando com a mão, Rodolpho estava acanhado para meter a mão na vasilha, esperando faca e garfo ou uma colher pelo menos... Flaviano foi a seu socorro levando-o para baixo da casa onde estavam reunidos amigos e colegas do irmão mais chegados, que o apresentou e voltou para dançar. Alguém perguntou quem é esse aí? O que estava mais próximo disse é irmão do Flaviano... Aqui a gente pega a comida com a mão, vai não faz cerimônia não... O goiaba, apelido da gente de Ponta de Pedras, ou seja papa-goiaba; estava encabulado mas foi perdendo a vergonha e meteu a mão se deliciando do frito. Aquilo tudo era uma libertação do menino mimado pelas duas irmãs solteiras. E agora? Não havia água e sabão para lavar as mãos... Os companheiros viram o embaraço do filho do capitão Alfredo e lhe deram a dica: hêi, parceiro, limpa a mão na touça de capim... Rodolpho aprendeu rápido. O vinho, suco, de muruci estava uma delícia e ele não se fez de rogado para aceitar mais um caneco.
Em Cachoeira meu avô tinha umas pouco cabeças de gado leiteiro que durante a noite recolhia ao quintal. Cada vaca tinha nome próprio, me lembro de uma tal Orgulhosa boa leiteira e mansa que era de particular estima do capitão... Esta situação periurbana que caracterizava chalés nos trópicos e em Belém do Pará as 'rocinhas' (chácaras) tiveram chalés, tal como se vê no parque zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi. Quando meu avô se mudou de Ponta de Pedras, em 1910, estava ele com 61 anos de idade completados em Cachoeira onde foi festejado no dia 30 de abril de 1910 e Dalcídio contava um ano de vida. O capitão havia ficado viúvo com a morte de minha avó tapuia, no dia 22 de agosto de 1904, aos 55 anos. Alfredo e Antônia tiveram Sophia, Raimundo, Lodica, Ambrosina, Otaviano e os gêmeos Rodolpho e Manuel (natimorto), presumo então que o casal viveu junto pelo menos 19 anos, pois a história oral dizia que Sophia tinha 18 anos de idade quando sua mãe faleceu de parto, junto com o filho batizado pós-mortem Manuel, deixando órfão o recém nascido Rodolpho Antônio irmão caçula que ela adotou como filho.
Alfredo era professor primário na vila de Muaná donde foi transferido para lecionar na escola pública de Ponta de Pedras, quando então ele conheceu sua futura mulher a índia Antônia, da aldeia de Mangabeira que vinha à escola com suas duas irmãs Serafina, que se casou com o português Filipe Pereira e foi morar no sítio Menino Deus, no rio Paricatuba. A outra índia mangabeuara, minha tia-avó, chamava-se Joana. Não sei se Alfredo adquiriu o chalé de Ponta de Pedras antes de casar com Antônia nem se Sophia, a filha mais velha nasceu aí. Neste ponto as datas da história oral de que me lembro embaralham-se e não são compatíveis umas com as outras. Afinal de contas estamos falando de três gerações de minha família, às vezes quatro.
Próximo à residência de meus avós havia mais dois chalés, na esquina o do senhor Zeca Miranda e sua mulher dona Áurea Boulhosa e vizinho a este o chalé do comerciante português dono da Casa da Beira, senhor João Ramos da Silva e sua mulher dona Iaiá Carneiro: o chalé do capitão Alfredo dispunha de amplo quintal entre os terrenos do tabelião Raimundo Malato e sua mulher dona Domingas Ribeiro Malato; pelo lado direito e do primo de minha mãe Miro Pereira, pelo lado esquerdo. Depois que meu avô enviuvou pela segunda vez ele retornou a Ponta de Pedras e em seguida casou com dona Isabel Trindade e o casal foi morar em uma casa na travessa Lauro Sodré, a chamada rua detrás; a um quarteirão de distância da casa de meus pais. O chalé foi edificado na linha da rua com uma calçada de cimento, havia platibanda com dois janelões para rua e uma porta alta de entrada que abria para um pequeno vestíbulo com piso cimentado vermelho: daí subia-se três degraus mais ou menos para o corredor. Todo assoalho era em madeira de acapu, o telhado aparente pela parte interna não havia forro, deixando ver a forte armação em madeira de lei com vigas, flechal e caibros. As telhas, como quase todas antigas construções por ali, era da olaria Arapiranga, conforme marca em relevo. O que nos remete para a ilha desse nome no arquipélago do Guajará em frente à cidade de Belém que foi propriedade do arquiteto italiano Antônio José Landi (Bolonha, 30/10/1713 - Belém, 22/06/1791) a fim de servir à construção do palácio do governo e das igrejas que ele projetou em Belém do Pará.
O assoalho do chalé ficava levantado do chão cerca de uns noventa centímetros mais ou menos, com a finalidade de arejar e evitar a umidade no tempo das chuvas. A fachada em alvenaria deixava passar o vento através de duas entradas de ar redondas, com grade de ferro, abaixo do assoalho. Esta estrutura havia inconveniente de servir para ninho de morcegos e esconder galinhas e patas de choco, de modo que era trivial surpresa ver no quintal ninhadas novas, a dar mais trabalho para Lodica. Uma ampla sala servida de cadeiras de embalo austríacas em palinha e outras igualmente de palinha porém fixas, uma escrivaninha assinalava o domínio territorial do meu avô embora sua residência com a sua terceira esposa fosse na rua detrás. Embora invisível no chalé na maior parte do tempo, a sala com estantes em verniz de nigrosina pejadas de livros e revistas Chácaras e Quintais, escrivaninha e cadeiras austríacas dos bons tempos eram comarca pessoal do capitão Alfredo Nascimento Pereira. Todos dias ele vinha ver como estavam os moradores do chalé, providenciava alguma coisa, sobretudo com respeito ao material de fogos de artifício - ele chamava "fogo de vista" - da qual era entendido.
Tenho impressão de que naquele chalé nasceram todos os filhos do capitão com a sua aluna indígena Antônia Silva: Sofia, Raimundo (Mundico), Laudelina (Lodica), Ambrosina, Otaviano, Rodolpho e Manuel, sete filhos e sete destinos diferentes: Sofia Tautonila deixou de se casar com um certo alfaiate chamado Queiroz para se dedicar à criação do irmão órfão, ela era irônica e dizia que não se casou porque seu Queiroz quanto tocava violão esquecia a letra da música e quando cantava esquecia o violão... Além de criar seu irmão Rodolfo, Sofia criou também tio Sidraque Pereira e mais tarde Benedito, filho de Sidraque com uma tal Maria que ele como cabo da Polícia Militar encontrou na vida, lá por Capanema, cujo casamento durou pouco e logo separaram-se...
Tio Mundico foi ser prático de navegação do Amazonas, não o conheci, talvez ele já tivesse morrido antes de eu nascer. Pelas lembranças de vovó Sofia este tio vivia frequentemente desempregado e lutava também contra o alcoolismo tornando-se pessimista useiro de um ditado chulo para ilustrar o que considerava falta de sorte, dizendo ele quando urubu está de azar, o debaixo caga sobre o de cima... Lodica chegou a estar prometida em casamento a um rapaz chamado Tobias, não sei o nome de família nem se o mesmo era nativo da vila, o que ouvi dizer pelas duas, Sofia e Lodica, foi que Tobias se despediu dizendo que ia para o Rio de Janeiro, ele "pegou o Ita". Não voltou nunca mais, a última notícia que Lodica teve do namorado foi que estava metido no Comunismo... Naturalmente quando as duas, mais o capitão devoto de Santa Rita de Cássia, e todos quando pontapedrenses e cachoeirenses souberam que Dalcídio foi preso por causa do tal comunismo concluíram logo que esse negócio só podia ser coisa ruim para dar cadeia e tirar juízo da gente.
O chalé, então, conheceu bons tempos enquanto a indiazinha da Mangabeira foi senhora da casa do capitão, depois foi só decadência até ser demolido antes de desabar sobre aquelas duas solteironas para dar lugar à modesta casa de madeira branca, por obra de caridade do senhor José Mariano, dono da serraria do Ponto Certo. Desde a morte de Antônia, restaram no chalé com o órfão Rodolpho, Sophia, Lodica e Ambrosina, esta última era uma mocinha branca como o luar, menina frágil, com apenas dezesseis anos de idade ficou totalmente cega e não durou muitos anos de vida. Certa vez deu-se uma encrenca política ligada, paresque, ao episódio em que antigos partidários de Antônio Lemos, depois da morte do oligarca e colapso da borracha, viraram casaca. Isto é, passaram para o lado do adversário de outrora Lauro Sodré.
O capitão Alfredo, assim como seu amigo galego Francisco Pérez Varela no sítio do Serrame; permaneceu monarquista fiel à memória de Dom Pedro II e ao decadente partido liberal; na vila as famílias Monteiro e Pereira haviam parentesco e nessa quadra, não sei como, o capitão Alfredo Nascimento Pereira viu-se nomeado intendente da vila de Ponta de Pedras com oposição das famílias Boulhosa e Lobato. O chefe da oposição laurista seria, então, o senhor Pedro Boulhosa, tio de Pedro Boulhosa Sobrinho que mais tarde viria ser chefe local do baratismo (coronel Joaquim Cardoso de Magalhães Barata, interventor militar na revolução de 1930), no Partido Social Democrático (PSD).
Porém, o intendente até então no cargo bateu pé e não deu posse ao capitão Alfredo como novo intendente nomeado. Dizendo a avó Sofia, achando graça, que o capitão cumpriu um único ato em sua brevíssima gestão enquanto a vila de Ponta de Pedras deve dois intendentes: autorizou o enterro de um correligionário que faleceu naqueles dias. Mas, aí deu-se impasse pois o zelador do Cemitério era do lado contrário e não cedeu a chave do portão do Cemitário para o enterro. Então, que fazer? O remédio foi pular o muro e passar o caixão por cima com o defunto correligionário... Ora, o clima político era dos piores. O capitão desistiu da posse recolhendo-se ao chalé e aos livros sobre fabricação de fogo de vista. Mas, os parentes Monteiros não eram água de beber, ainda mais que um certo panfletário vindo de Belém, cujo nome não recordo; para agradar os governistas andou escrevendo coisas desagradáveis a respeito da oposição. Estava prometido que se o sujeito voltasse a pisar em Ponta de Pedras iriam fazê-lo engolir o panfleto. Eis que o dito cujo ousou voltar e aí alguém partiu para cima do audacioso com o impresso em punho para tomar satisfação... Então, houve o imprevisto: no meio do corre corre ouviram-se disparos de arma de fogo vindos de diversas direções e, quando tudo acabou, havia um corpo estendido no chão. Um morto! Era só o que faltava para arruinar a paz na pacata vila de Ponta de Pedras: a vítima daquela loucura foi o jovem chamado Joaquim Boulhosa, uma pessoa benquista, dizia tia Lodica, que não matava uma mosca... Acusaram logo como autor do crime um sobrinho do capitão chamado Aristóteles, por ser um dos mais impulsivos oposicionistas da vila. Este alegou como álibi a notória amizade que mantinha com a vítima... Então quem acertou no pobre Joaquim? E por que faria uma coisa dessas se não fosse um doido? Aristóteles não negou que pegou arma e deu tiros, diz-que, para assustar o panfletário patife, tanto que não o atingiu. E mais, se eu quisesse acertar alguém - disse o imprudente Aristóteles - teria feito pontaria na careca do intendente... Oh, por Deus! - diria a avó Sofia.
Aquilo tudo, no calor da hora, bastava para incriminar o estovado Aristóteles. A vila de Ponta de Pedras não era Atenas, mas havia uma boa parte de gregos além do agora encalacrado Aristóteles faltava contar com Demóstenes, irmão deste, Cícero, Heráclito, Homero, Hermes, Ovídio e Otávio que não eram gregos mas quase... A polícia criminal de Belém já estava sendo esperada na vila, o acusado estava noivo de Vijoca nossa parenta pelo lado dos Pereira; o capitão sabia dos escaninhos da lei e tinha convicção de que o sobrinho, de fato, estava falando a verdade embora as circunstâncias estavam contra ele. Dada a conotação de crime político, se a polícia botasse às mãos sobre o suspeito ninguém podia prever outro desfecho que não fosse a condenação pelo tribunal do juri e uma longa pena no Presídio São José. Haja a chorosa Vijoca a rezar e fazer promessa a todos os santos... As canoas que saíram de Ponta de Pedras para Belém naquele dia estavam todas sendo revistadas na entrada do rio por uma lancha-vapor a serviço da polícia, inclusive uma pequena igarité do igarapé Panema carregada de lenha para descarregar, dizendo o piloto, no igarapé do Cano como destino a uma conhecida padaria da cidade. O policial mandou encostar a canoa e viu que nela iam somente o piloto e um tripulante. Mandou seguir viagem: entretanto, o procurado estava escondido sob as achas de lenha numa gaiola improvisada...
De fato a lenha foi desembarcada e entregue conforme declarado. Já o rumo que Aristóteles tomou somente se soube anos depois que ele voltou para casar com Vijoca e, finalmente, enfrentar o juri popular da comarca. Naquele dia distante a polícia do estado ocupou e vasculhou a pacata vila de Ponta de Pedras a procurar o assassino do jovem Joaquim Boulhosa, bem como a arma do crime. O próprio intendente Pedro Boulhosa (tio), naturalmente ofendido pela morte de seu sobrinho, conduzia a diligência pessoalmente persuadido de que Aristóteles era o culpado. Foram de casa em casa em busca de vestígio de armas e munição. Nem mesmo o chalé do capitão Alfredo ficou livre de suspeita, onde moravam as "meninas" Sofia, Lodica e Ambrosina e o jito Rodolfo Antônio, face ao parentesco entre as duas famílias. O intendente pediu licença para revistar a casa - dizendo avó Sofia -, eu disse fique à vontade... Os investigadores foram varejar os aposentos procurando armas e munição. Um deles perguntou o que é que tem neste quarto, respondi é o quarto de minha irmã Ambrosina... O intendente sabia que Ambrosina era uma mocinha cega e doentia, ele foi gentil dizendo aos investigadores para irem embora e se despediu pedindo desculpas pelo incômodo. As duas - Sofia e Lodica -, suspiraram de alívio, o coração só faltava pular pela boca afora.
Foi um risco danado, naqueles tempos brutos, proteger um fugitivo ainda mais naquela complicada situação política. Mas, elas podiam entregar o primo Aristóteles? Podiam? E a pobre Vijoca como ficaria ao saber que aquelas que deviam ser a salvação fraquejaram? Ambrosina coitadinha, inocente, foi muito corajosa sem dar nenhum pio, pois havia com ela dentro da rede embrulhado em lençóis revolveres, pistolas e balas da maldita confusão. Tia Lodica e vovó Sofia pegaram aquelas porcarias e deram sumiço no único lugar que ninguém pensaria ir procurar: a fossa negra da retrete no quintal. Então? Então que o chalé tinha muita história... Por agora é só, até mais tarde, voltarei ainda para falar do chalé do capitão Alfredo na vila de Ponta de Pedras. Sem esquecer a história de Aristóteles e Vijoca que, com certeza, daria um bom romance.